(...) Eu vou me levantar do chão como um arranha-céu. A
caneta tremia em minha mão e as rasuras no papel mais pareciam rabiscos
atormentados. O vento não dava trégua e à medida que as letras ganhavam forma,
meu coração tremia de medo, como meu corpo gélido envolto por um xale de lã
amarelo-ouro, no qual não me aquecia por completo.
Eu estava dilacerado, meu
peito doía, mas não de dor física, e sim de sentimentos presos que voltavam
forte como uma chuva aterrorizante em alto mar. Sentia-me em um barquinho frágil,
prestes a naufragar. Tudo que eu mais queria era remar até o abraço apertado
dos olhos que um dia me fizeram enxergar o amor e dizer, mesmo abatido e sem
cor, que tudo iria ficar bem.
Onde foi que eu errei? Eu
errei? Mas o que esperaria de mim, um mero ser humano como tantos por aí? Errar
dignifica, abre o campo de visão e amadurece a alma. O caminho certo já havia
sido escolhido e tudo que eu precisa era terminar o texto e reescrever nossa
história da maneira certa.
Sonhava em ser seu herói, seu
protetor de todas as horas, quem te aqueceria no inverno rigoroso ou quem te
acordaria nas manhãs de verão. Sonhava em ser sua melhor parte e você a minha.
Eu te amava e, mesmo vivendo em meio ao furacão de sensações, tinha a plena
certeza de que éramos como o céu e as estrelas: um casamento perfeito, onde um
completava o outro.
Minha vida não tinha tanto
sentido, estava tudo a ponto de cair sobre minha cabeça e te ver partir assim,
com uma mochila nas costas e com lágrimas penduradas em sua carinha pálida, me
fazia querer rasgar todos os papéis que continham seu nome, sua essência e, de
todas as formas, você. Porém, sabia que ainda havia muito que escrever, mesmo
que me coração quisesse abandonar tudo e adormecer para sempre em um porão
solitário e frio.
Se ainda tinha força para
escrever uma linha mais, era porque você ainda existia em mim. Um amor não diz
adeus por uma risada mal interpretada, quanto mais um amor de verdade, onde
cócegas, abraços apertados, olhares intensos e noites em claro, remetem as lembranças
que um dia vivi ao seu lado. E o que dizer do seu pânico por grilos? Eu sorria
quieto só de me lembrar.
Nossa história estava apenas
começando e eu, de fato, havia muito que escrever. Você não foi e nunca será
como uma rajada de vento que passa e se vai sem deixar rastros ou memórias.
Você era, de todas as formas, o real exemplo do amor que um dia sonhara sem ter
certeza de que existia. E eu, mesmo fraco e rastejando ao chão, não desistiria
de lutar pelo alguém que, neste momento, me fez largar a caneta sobre a mesa,
deitar-me sobre o piso frio da varanda de madeira e parar para observar a lua
no imenso céu escuro, como das vezes que fazíamos no corredor apertado de sua
casa, no qual era sempre ideal para eu, você e para o nosso amor seguido do
silêncio amável que parecia dizer: nunca nos abandonaremos.
Por Guilherme Faquini
Òtimo texto Gui! To impressionada coma escrita rebuscada
ResponderExcluirObrigado Tatá <3
ResponderExcluirTe amo muito.
perfeito ... não há palavras para explicar como eu me imaginei lendo isso . Faquinete !
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPerfeito, apenas.
ResponderExcluirMuito obrigado, pessoal!
ResponderExcluirVocês não tem ideia de como fico feliz em ler comentários de apoio como o de vocês.