Por um amanhã digno

Imagem: Google
Não, ele não utiliza do transporte público e nem de longe sabe como funciona a gestão dos hospitais públicos – se é que existe gestão -. Ele também não se desespera pelo atraso no trabalho ou pela justificativa humilhante que terá de dar em seguida.  Ele não se choca com imagens cotidianas, porque seu cotidiano é bem diferente daquele que desejamos por apenas um dia se ver livre
.
Ele não se importa se é dolorido, perigoso e inaceitável, ele não se importa com nada disso. O que conta são os milhões, o que virá no fim do mês, agora ou toda hora. Afinal, seu telhado de cristal parece ser blindado e o seu ego ainda mais protegido contra tudo e contra toda a vergonha que vai e vem entre os passos desconhecidos e os corpos que se espremem na disputa de um pedaço de chão.

Mexe aqui, mexe ali, nada muda. Que cidade é essa? Que Prefeito é esse?. Rostinhos bonitos, boas intenções e comprometimento são balelas antigas, pedacinhos de um discurso pronto, roteirizado e comovente.

Por que votamos?. Votamos porque que sonhamos, porque acreditamos em uma luz maior e na transformação que só conheceremos se elegermos - as vezes errado -. Você foi eleito, foi escolhido para representar uma grande parcela desta nação ou, simplesmente, para governar a maior cidade do nosso país. E não adianta se esconder porque todos sabemos dos detalhes que compõem a sua pessoa, cuja ela se infiltrou nas telas, nos "santinhos" eleitorais e nos palanques da vida, enquanto palavras bonitas banhadas no antídoto da demagogia eram proferidas aos ventos, soltas em um espaço amplo e sem fim.

E sem fim são os problemas que encontramos em meio a este caminho sinuoso de pedras pelo qual você não trafega, excelentíssimo Haddad. Caminho este que você, infelizmente, nunca provou porque o seu atalho covarde o levara ao êxito sujo, porém falho.

Mas, assim como na vida, a farra uma hora tem que acabar, se antes não acabarem com o festeiro insolente que insiste em dançar sob o tapete persa da mais alta aristocracia, mas que teme frente aos gritos dos que diariamente lutam pela própria sobrevivência em uma metrópole que não possui igualdade, direito leis e serviços. Metrópole que vive de nome e ilusões. 

Venha para nossa festa, dance no nosso ritmo e deixe-nos ensinar nossos passos de dança. Seja o bailarino principal do transporte coletivo e sinta o desprazer de não se aplaudido e valorizado. Acredite como nós, acredite que um dia tudo mudará, mesmo esta sendo uma realidade infame e cada dia mais absurda. Não desista como nós e sorria, mesmo com tão pouco e quase nada para alimentar essa esperança pouco difundida em seu mundo particular. 

Acorde!. Acorde, antes que São Paulo caia em um sono profundo, sem volta, vítima de uma queda fatal do desfiladeiro que, talvez, você consiga explicar como se instalou por aqui. Só não se faça mais de desentendido, assim, desse jeito que somente o Senhor consegue dominar numa interpretação quase impecável. Seja mais humano, honre seu ser, o seu valor e deixe de tapar os buracos e enfeitar este território que só serve para iludir estrangeiros crentes e ingênuos. 

Nossa realidade é intransferível e imodificável. Se a ideia for esta, a de preparar uma nova cidade até o dia em que os olhos do mundo se voltarem a isto (cidade), corra. O tempo passa e a sua capacidade, percebe-se, é tão limitada quanto ao título que recebera sem ao menos saber o que é e como o fazer. 

Guilherme Faquini é blogueiro e escritor de cadernos de gaveta, além de um amante do mundo cibernético. Siga-o no twitter: @GuiFaquini

Nenhum comentário:

Postar um comentário