Nosso Tom de Cinza





O rádio ligado e a música que fazia lembrar de você. O embalo sincronizado impulsionava as batidas de meu coração que, por sinal, andava cambaleando como um alcóolatra sem destino.

Que desatino! Você saiu pela porta sem dizer adeus, rasgou o bilhete amarelo que ao primeiro encontro lhe entreguei com os dizeres que expressavam tudo que, naquele instante, minha alma gostaria de gritar: bem-vindo, amor!

Adeus, amor. É seu direito ir para o longe, buscar seu norte e explorar seus horizontes, mesmo que sozinho (mesmo que sem mim) e sem peso no coração. E que coração foi esse que se enganou com o primeiro "eu te amo" e se rendeu como um guerreiro que desiste da própria luta para lutar por outro alguém que hoje carrega o sobrenome de "desconhecido"?

Ah, como eu queria entender esse seu lado escuro antes de tudo começar. Antes tivesse rasgado as cartas, amassado os bilhetes e os lançados em chamas. Afinal, foi em cinzas que tudo se transformou e junto a elas meus sentimentos queimados foram. Não pretendo escrever mal de você em uma rede social ou publicar suas fotos de roupas íntimas (mas deveria). Também não imagino te prejudicar, porque você já conseguiu por si só. Talvez, essa seja sua arte, seu dom imbatível acoplado ao caráter duvidoso que, nem mesmo diretores de cinema conseguiriam incorporar em seus personagens maquiavélicos.

E se nosso amor de pôster de parede chegou ao fim, permito que encontre sua nova protagonista para fazer junto a ti o par romântico do momento, com novas histórias e amarrações. Mato aqui aquela que te acompanhou, enterro-a e esqueço-a para sempre, como deveria ter sido desde o instante em que todos se acomodaram para assistir a um roteiro fraco e totalmente e monótono. Nosso princípio vive o fim.


Saída à sua direita...


Por Guilherme Faquini

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